Logo na segunda semana de aula,
na matéria de Leitura e Produção de Texto, a gente teve que produzir um artigo
de opinião sobre um tema polêmico atual, pra entregar até o final da aula. Grupo
de até quatro pessoas, opiniões diferentes, claro. Você acredita que futuros
comunicólogos serão sensatos, mas parece que as coisas não funcionam assim.
De cara eu propus um tema, mesmo
porque, enquanto a professora explicava o que era um artigo de opinião para a
sala, eu já estava elaborando o meu próprio. Nós poderíamos falar sobre
feminismo, eu sugeri. Três das quatro pessoas sabiam do que eu estava falando e
quando digo três, estou incluído. Uma não sabia. Era uma mulher.
Não sei qual foi a parte mais
difícil, me juntar com as outras duas meninas para explicar pra ela o que era
feminismo ou ouvir dela um monte de reprodução machista. Se doeu em mim, eu
penso nas outras duas ouvindo aquelas barbaridades. A gente tentou explicar que
feminismo não era tirar os direitos dos homens, era igualar os direitos de
ambos os sexos, que uma mulher não precisa necessariamente ficar em casa e ser
doce e gentil, ela pode ir atrás de estudo, trabalho e que as coisas de casa e
boa educação não estão restritas apenas à elas.
Parece que ela não percebe, ou não
estudou o suficiente para saber que ela só tem a possibilidade de estar em uma
faculdade hoje por causa do feminismo. Esse mesmo feminismo que pra ela é: “a
mulher tem que buscar ser uma boa profissional, mas não pode esquecer do seu
papel como mulher em casa, de ser gentil e doce, arrumar a casa”.
Parecia que nada do que elas e eu
dizíamos era escutado, ela ouvia, fazia cara de deboche e retrucava com o mesmo
argumento machista. Mudamos de tema. Mas, não foi fácil escolher um. Aborto?
Não. Descriminalização da maconha? Não. De repente ela surpreende todos nós com
o tema “Adoção por casais homossexuais”. Ótimo, todos nós concordamos e logo
ficou pronto. Ficou muito bom, aliás.
Contudo, não sei se ela sugeriu
esse tema só pra nos deixar contentes, já que ela era contra todos os temas que
propúnhamos ou se ela realmente tinha interesse no assunto. De qualquer forma,
eu terminei o dia e a discussão sobre ser feminista com a seguinte frase: “você
devia estudar um pouco sobre feminismo, é uma coisa que te atinge”. Espero de
verdade que ela o tenha feito.
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